Saturday, December 26, 2009

"Water water on the seeds

to my left they rose and leaf"


Sabe o que é solitário? O medo.

Poucas vezes eu falei honestamente de meus medos. E com poucas pessoas.
Mas foram sempre conversas interessantes.

Não sei o que fazer com meu medo. Às vezes acho que ninguém compreende.
São coisas banais para uns e assustadoras para mim. Fico desesperada. É uma sensação terrível.

E tão humana.
Em todos os tempos, todos os lugares sempre houve crianças estranguladas, cachorros esquartejados..
Eu sei.
Mas não alivia.

Morte. Meu maior medo.
Desde pequena. Perdia o sono pensando em coisas terríveis.
E ainda perco.
É. As coisas não mudam.

Onde coloco? O que faço?

Seja lá o que for, é sozinha. Não tem jeito. Sou eu comigo mesma.

Talvez a arte me ajude. A expressar. A entender.

"Music is the only thing that makes sense anymore. Play it loud enough keeps the demons at bay"

Tão Ana.

Ao menos resto eu.

Nunca tive medo da solidão.
Tenho um carinho tão grande por mim.
Então fico comigo.


Ai, ai... as madrugadas...

Wednesday, December 16, 2009

No silêncio

E de repente eu não ouvia mais o que elas diziam.
Meus ouvidos ficaram tapados, como som da televisão no "mute".
Eu olhava como se entendesse. Mas só conseguia sentir aquela cosquinha no coração.
De felicidade.
Felicidade pura.
De estar ali. De falar. De ouvir.
Como uma corrente que passasse por todas nós.
Coreente antiga já. Quantos anos?
10?
Incrível.

Eu olhava nos seus olhos. Vocês nem desconfiavam o que se passava na minha cabeça.
Bobinhas.

"Amo vocês. Demais."

Tão bom.

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Minha mãe foi a uma festa. Por alguma razão eu acabei fazendo sua maquiagem.

Nunca tinha olhada tão de perto o rosto dela. Com tanta atenção.
Foi estranho.
E foi estranho ser estranho.

Afinal ela é minha mãe. Aquela que esteve sempre comigo. Que eu já vi tantas vezes, de variadas distâncias.

Dessa vez foi diferente. Eu olhava para as manchinhas do seu rosto, as pintinhas, a pele envelhecida. E achava estranho.
Porque não era eu. Duplamente.

Primeiro, porque estou acostumada a me maquiar. Nesse momento, estava maquiando outra, que não eu.

Segundo, porque ela é diferente. Todos sempre enfatizam o quanto somos iguais.
Hoje vi o quanto somos diferentes.

E o quanto eu não a conhecia.
Tantas vezes que olhei pro seu rosto. Mas nunca tinha reparado os lábios finos, o nariz largo, o queixo escuro, os dentes pequenos.
Como pode?!?!


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Sim. Eu também escrevo. Porque minha vida é cíclica. Ou em espiral.
Sempre acabo voltando aqui. Mas outra.