Friday, August 29, 2008

"All your life you've never seen a woman taken by the wind"

Would you stay if she promised you heaven
Will you ever win?"

Fleetwood mac.


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Hoje, logo nos primeiros passos do dia, topei com um senhor no elevador. Muito simpático, conversamos um pouco. Ele me acompanhou até certo ponto na rua. Já no fim da conversa ele me contou uma história:



Eu estava doente, no hospital, com pressão alta e médico nenhum conseguia fazer minha pressão baixar. Uma senhora passou pelo meu quarto, peguntou o que eu tinha. Eu disse e ela recomendou que eu tomasse chuchu batido. Chuchu batido. Eu tomei. Minha pressão baixou. É, minha filha, às vezes Deus fala com a gente de formas inesperadas.



Achei uma bonita forma de começar o dia.
Agora, abro minha caixa de emails e leio um email estranho. Desses que mandam para todo mundo com piadas, lições ou curiosidades. Desses que eu deleto sem ler. Dessa vez eu decidi ler.



Diz uma lenda árabe que dois amigos viajavam pelo deserto
e em um determinado ponto da viagem acabaram brigando.
O amigo ofendido, sem nada dizer, escreveu na areia:
HOJE, O MEU MELHOR AMIGO ME BATEU NO ROSTO.

Seguiram e chegaram a um oásis onde resolveram banhar-se.
O que havia sido esbofeteado começou a afogar-se, sendo salvo
pelo amigo.
Ao recuperar-se pegou um estilete e escreveu numa pedra:
HOJE, O MEU MELHOR AMIGO SALVOU-ME A VIDA.

Intrigado, o amigo perguntou: Por que, depois que eu bati em você, você
escreveu na areia, e agora, que eu salvei você, você escreveu na pedra?
Sorrindo, o outro amigo respondeu: Quando um grande e verdadeiro amigo nos
ofende, devemos escrever na areia, onde o vento do esquecimento e do perdão
se encarrega de apagar.
Porém, quando nos faz algo grandioso, devemos gravar na pedra
da memória e do coração, onde vento nenhum do mundo poderá jamais apagar.




Não que eu seja católica ou árabe. Mas me fez pensar.

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Acabei de olhar para cima e descobri que tenho Crime e Castigo. Do Dostoiévski. Uma versão antiga, com capa marrom dura e tudo. Há!

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Às vezes dá vontade de ir embora para um lugar onde ninguém me conheça, onde ninguém espere nada de mim. Onde eu possa fazer de fato o que eu quiser, ser o que quiser. Onde ninguém tenha nada a ver com as minhas escolhas. Aí eu descubro duas coisas: não importa onde eu vá, as pessoas vão me julgar. E esse lugar é aqui mesmo.
Curioso.

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"Don't say a prayer for me now
Save it 'til the morning after"

Duran Duran. Porque eu gosto de músicas de elevador.

Sunday, August 17, 2008

"Não há nada que se possa fazer melhor que sonhar, de tudo querer"

"Vamos juntos, o pior já passou. Viver é melhor."

Eternamente Lô Borges.

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Lembrei de quando te amava. Nós dançando, nus, com os corpos colados. Lembrei da tua respiração e do teu gosto. Dançando em câmera lenta, porque você nunca foi muito bom com ritmos. Sua pele fina, delicada, gostosa de abraçar. Meu corpo cheio de volumes e curvas apertando seu corpo duro, magro, cheio de ossos. A boca carnudas. Sabe que nunca gostei de bocas carnudas? Beijava e gostava porque era sua.
Incrível. Por alguns minutos eu voltei a sentir tudo. Como se tivesse acabado de acontecer. Tudo porque ouvi uma música do Gil. Pior que ele nunca foi nosso cantor.
Vai entender.

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Nunca pensei em ficar com você. Mas depois daquele beijo, tudo mudou. Não esperava por isso. Completamente surpreendente. Há uma tensão entre nós que causa aquele nervosismo sexual, aquela pulsação ofegante. Não sei se é a voz, o jeito de falar ou a pele. Ah, a pele... Quando você me toca “sem querer”. Passa a mão na minha, esbarra no corredor, encosta a perna no meu braço. Pior ainda quando você finge que presta atenção no que eu falo. Puxa um assunto bem ordinário e fica me olhando com cara séria, como se nada daquilo mexesse, fosse apenas um papo corriqueiro. Fico completamente desconsertada. Perco o raciocínio e esqueço as palavras. Eu falando qualquer coisa. Você fingindo que está ali pela conversa. Mas nós sabemos muito bem o motivo de estarmos ali. Só não demonstramos. Você, nem uma respirada fora de hora.

No fim o assunto acaba, nos olhamos por alguns segundos em silencio e vamos embora. Um “tchau” bem desinteressado. Depois alguém volta, puxando um outro assunto completamente irrelevante. Dessa vez mais rápido. Só para ver no que vai dar. De novo o “tchau”. Hum. É.

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Hoje eu não fui. Me controlei e não procurei seu endereço, não tentei ler seus pensamentos, não tentei. Não que você fosse exatamente um vício, mas acabei dando uma importância muito maior do que a de fato real. Posso até confessar aqui que às vezes preciso me esforçar para lembrar do seu rosto. O problema é que lembro. E lembro como me sentia. E era bom. Mas no fim não faz diferença. Porque você está aí vivendo, completamente alheio a qualquer coisa que esteja acontecendo comigo. Por opção sua. Então, o quê posso fazer!? Não te alimentar. Agora você vai ficar só a pão e água, até acabar aos poucos. E quando você for, não vou nem perceber. E vou sorrir no final.

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Tenho tido surtos de criatividade incontrolável.
Realmente, viver é sempre a melhor opção.
Faz um bem. Ao que tudo indica melhora até o raciocínio e estimula os pensamentos.

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E mais uma vez eu aqui emocionada. Emoção do tipo peito aberto e sorriso no coração. Pelos mesmos motivos. Pelas mesmas pessoas. De novo com trilha sonora. Porque é filme. Em todos os sentidos.
Eu chamo isso de amor. E vida. O que dá no mesmo no fim das contas.

Tuesday, August 12, 2008

Minha primeira vez

A minha primeira vez foi cinematográfica. Aquela sala, aquelas pessoas. Posso até imaginar o perfil dos personagens. A secretária que acabou de sair do trabalho e foi arrastada pela amiga desquitada, a procura de um namorado. A senhora de 50 anos, atrás dos jovens galãs de 30, que ainda moram com a mãe e usam a sexualidade para suprir a frustração econômica. O casal procurando apimentar a relação. Os senhores de 50 anos loucos para roçar as pernas nas mulheres de 20. E nas de 50. E nos jovens de 30 também, quem sabe. Ah, claro, a personagem fundamental. A estudante de comunicação, intelectual alternativa, esquisita, que narra a história com seus pensamentos em off. Se fosse um filme hollywoodiano ela seria jornalista. No caso, é atriz e cineasta mesmo.
Como um bom filme alternativo, o personagem principal é o lugar. Como diria Dustin Hoffman, só falta saber se é uma tragédia ou uma comédia.Vou começar a fazer a análise aristotélica.

UCI - 19:30 - sala 12

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Ela nunca imaginou que as histórias que via eram verdade. A felicidade que as ações mais singelas causam. As situações mais inesperadas. Saiu andando pela rua modificada. Ela olhava para as pessoas e sabia que não era mais a mesma. Parecia mais viva. Porque era capaz. E tinha conseguido. Mais viva porque tinha uma vida, afinal.
Abriu o portão, cumprimentou o porteiro e esperou o elevador. Fechou os olhos. A porta do elevador abriu e ele saiu de dentro. Logo ele. Nunca poderia imaginar. Ela ficou sem graça. O coração acelerado. Ele abriu aquele sorriso enorme de sempre. Conversaram um pouco. Parecia coincidência demais. Surpresa demais.
Corte seco.
A porta do elevador abre. Não há ninguém. Ela entra, aperta o botão do terceiro andar. A porta fecha.

Estação Botafogo - 22h - sala 3

Friday, August 1, 2008

"But the fool on the hill sees the sun going down

"And the eyes in his head see the world spinning 'round"


"Enjoy the silence"

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I. Monólogo

- Oi. Preciso conversar com você. Desculpa. Desculpa, eu tentei, mas não consegui. Eu assumo a minha incapacidade. Eu não estou preparada. Não agora. Não estou num momento de negociar a minha liberdade. Eu a conquistei há tão pouco tempo. Ainda estamos ficando íntimas. Desculpa, mas eu não estou feliz. Eu realmente tentei. Não quero essa responsabilidade para mim. Hoje eu só posso cuidar de mim e da minha liberdade. E ela vai ser minha única companheira por uns tempos. Agora não posso mais voltar atrás. Depois que você conhece a liberdade, depois que você entra tão profundo em você mesmo e se descobre, descobre seu espaço, suas vontades, suas possibilidades... não tem como abrir mão. Não assim, não agora. Eu tentei. Desculpa mesmo.


II. Diálogo

- Eu sei que você não perguntou minha opinião, mas, por que você está fazendo isso?
- Por quê não?
- Porque não. A gente não deve se unir a alguém simplesmente porque é a hora. Por acaso existe alguma regra na vida dizendo que temos que nascer, mamar, crescer, estudar, casar, ter filhos e morrer? Casar porque está na idade? Às vezes nós estamos preparadas, estamos na idade, mas ainda não achamos alguém que valha à pena. Alguém de quem gostamos, que nos faça bem e que valha à pena abrirmos mão de nossa liberdade para tentar construir uma relação juntos. A gente tem esse costume estranho de abrir mão de nós mesmos muito fácil. Para qualquer um.
- Não é isso. Eu tô fazendo por mim.
- Existem outros caras no mundo. E se um cara que encaixe com você aparecer, hein?! Você não vai estar disponível por causa de um cara que não te faz feliz.
- E se essa pessoa não aparecer?
- Vai aparecer.
- Como você sabe?
- ...
- E passar o resto da vida sozinha?
- Não se engane. Dividir a cama com uma pessoa não significa não estar sozinha.

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Eu penso em inglês.

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Uma das cenas mais lindas da história do cinema (na minha vida).



("Evening")

É. Eu sei muito bem o que eu quero.