Friday, January 29, 2010

"Everytime we say goodbye I die a little"

Após esse dia, nunca mais a vi, até que nos reencontramos - sendo impressionante que "nunca mais" possa ser usado desse jeito, "nunca mais até que...". Mais impressionante do que isso só mesmo ver uma pessoa numa festa, achá-la patética, e tempos depois a estarmos amando, para tempos depois não estarmos mais. Essa incoerência do amor quando revisto. Penso muito nisso, mais do que o necessário. Em como "é desconcertante rever um grande amor". Você olha para ele e não sabe onde foi parar aquilo tudo que deveria estar eternamente ali. Onde vai parar o sempre quando sempre acaba? Claro, "que seja eterno enquanto", e então não é eterno, pois a eternidade é infinita e finito é o amor, não é isso? É. Contudo, pensando sob outro aspecto, o que senti por ela ainda existe, uma vez que existiu naquele tempo e voa por aí em sua velocidade da luz. Pertencendo também ainda a mim o verbo que preencheu a lacuna desse vácuo. O verbo que eu disse dizendo "eu te amo". E se disse é porque era, e portanto é, já que a idéia dessa ação persiste. A ação não mais existe, diluiu-se no passar dos dias; tanto que, hoje, não entendo, não entendo, hoje, aquele sentimento, tão poderoso que mudou minha vida tão vertiginosamente. Cadê o amor que senti de tal forma verdadeiro? Somente em minha memória ou vagando por aí, em alguma maluca esfera quântica?


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Helena usava os mesmos brincos quando era casada com ele e depois, um dia, comigo. Uns brincões de brilhante. Pareciam que iam cair da orelha a qualquer momento, de tão pesados. Mas não posso negar que ela os usava com alguma classe. Eu? Nunca usei brincos, claro que não, pra quê? Chegam a me irritar, por serem tão ostensivos. E nesse dia, ela disse que era "muito masculino" mulher sem brincos. Hum-rum. Eu achava - continuo achando - que brincos são desnecessários para uma mulher de belas feições. E que, olhando bem, nenhuma é feia o suficiente para precisar de badulaques nas orelhas. Nem Helena, que tem a personalidade de esponja: é horrível quando está com gente horrível, é bonita quando está com gente bonita. Só que esponjas não ficam bem de brincos.

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"O efeito urano" - Fernanda Young

4 comments:

Spoony said...
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Marcela Bertoletti said...

As vezes é bom voltar pra relembrar que tem sempre um cantinho que acalenta. Pra depois de se reestabelecer e poder sair de novo.
:)

Priscila Ihara said...

Agora eu quero ler o livro! hunf!
hahaha
Saudades! Vontade de compartilhar as loucuras da vida... rs

Duda Paz said...

ai amiga!!!
posso dizer que vc escreveu bem cada palavra!
sabe como eh sentir na pele essa emoção!!!!
ui ui